Brasil Dantesco: quem é a fênix que surgirá das cinzas?
- Frederico Aburachid
- 16 de abr. de 2017
- 2 min de leitura
Guardadas as diferenças poéticas, a imagem do Brasil atual seria capaz de inspirar Dante Alighieri em sua descrição de inferno, na clássica obra Divina Comédia.
Quando se acredita que o pior já passou, um novo círculo leva o Brasil a uma zona de pecados, erros e tormentos ainda mais profundos. O povo assiste estupefato a cada capítulo dessa pútrida história de troca de favores, corrupção e compadrio de mais de 30 anos, segundo os relatos divulgados.
Como reconstruir a terra arrasada na qual nos encontramos? Sabemos que as crises econômica, moral e política não esperam. Pelo contrário. Provocam perdas que, com o passar do tempo, a instabilidade as tornam ainda maiores.
As soluções exigem reformas estruturais. Todavia, seus principais atores estão mais preocupados, no momento, com a própria defesa contra uma eventual ação penal que a tutela do interesse público.
Os bombardeios de sucessivas delações premiadas surgem minando a esperança de milhares de brasileiros. Em meio a esse caos, eis a pergunta: quem serão os sucessores no “manche” do Brasil?
Precisamos identificar novas lideranças que sejam realmente afinadas aos valores republicanos. Líderes interessados em assumir a condução de nossos Poderes, certos de que são mandatários do povo, exercendo o poder em seu nome.
Alguns nomes das últimas eleições municipais surgem com grande popularidade. O mesmo se verifica em setores estratégicos de nossa economia.
Percebe-se que o povo tem buscado identificar líderes com certo grau de ineditismo no cenário político e experiência no campo da gestão privada. Serão esses os líderes que surgirão do caos? Quem será a fênix das cinzas?
Estejamos certos de que a fênix não será um nome. Seja em nível federal, estadual ou local. Uma andorinha não faz verão.
As soluções para essa crise de raízes profundas devem estar atreladas a um pacto – resultado de união – para o nosso país. Deve-se ter um projeto legítimo de Nação que ultrapasse mandatos de 4 anos, seja apartidário, e que vincule os mandatários do poder ao compromisso de sua contínua execução.
O povo deve se sentir titular do poder, autor e destinatário das decisões estatais e, por outro lado, os seus mandatários devem se comprometer com esse projeto.
O Brasil é um país em reconstrução. O autor de sua planta básica jamais foi um grupo social, daí a inconsistência do passado. A fênix do Brasil é o povo, a ser liderado por pessoas de valores republicanos e comprometidas com o projeto coletivo.
ABURACHID, Frederico José Gervásio. Belo Horizonte, 2017.
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